Este colóquio caminha para a sua 6ª edição.
Realizado a cada 3 anos, desde 2006, o CIAD tem como característica especial – em relação a outros eventos científicos da área – a de congregar os grupos de pesquisa em Análise do discurso, vindos de todo Brasil e do exterior. Além de a cada edição propormos um tema importante para os estudos discursivos, neste colóquio podemos conhecer as pesquisas em curso dos grupos de pesquisa da área inscritos no evento.
Ao longo desses 15 anos, discutimos as diferentes vertentes constitutivas do campo da AD no Brasil, refletimos sobre a dimensão semiológica dos objetos discursivos que progressivamente têm exigido dos pesquisadores da área a atenção para as diversas materialidades e diferentes linguagens que os constituem, abordamos o lugar do pensamento do filósofo Michel Foucault nos estudos do discurso e nos colocamos na escuta das formas contemporâneas de insubordinação, sempre contando para isso com as contribuições de estudiosos nacionais e internacionais tanto da área de Análise do discurso como de diferentes áreas do conhecimento, de modo a consagrar o caráter eminentemente interdisciplinar desse campo de conhecimento e da proposta deste nosso evento.
Contando em média com aproximadamente 500 participantes a cada edição, se apresentaram ao longo das diferentes edições do evento mais de 80 grupos de pesquisa de Análise do discurso do Brasil e do exterior. Os registros desses encontros podem ser encontrados sob a forma dos “Cadernos de programação e resumo” e dos “Anais”, que se encontram disponíveis virtualmente no site do evento, assim como os vídeos das conferências e mesas-redondas realizadas nessas 5 edições.
Além desses registros, a cada CIAD publicamos um livro. O último livro acaba de ser lançado pela editora Parábola, e se intitula Discurso e (pós)verdade. Nele se abordam os encontros e desencontros entre as verdades e a ordem do discurso e seus consequentes efeitos de real e sentidos da convicção. Para explorá-lo, debatê-lo e analisá-lo, contamos com a participação de eminentes especialistas dos campos da História e da Psicanálise, da Análise do discurso e da História das ideias linguísticas, cujos trabalhos são reconhecidos nacional e internacionalmente por suas contribuições especulativas, teóricas e analíticas.
O objetivo almejado com a publicação foi o de melhor compreender as formas e os funcionamentos das múltiplas e diversas relações entre o discurso e as verdades. É preciso que estejamos cada vez mais aptos a examinar e distinguir nas evocações e nos sacrifícios da verdade as posições, as palavras e os efeitos que efetivamente se comprometem com o combate às desigualdades e às opressões étnicas e econômicas, sociais e culturais, de sexualidade e de gênero. Nem sempre se trata de uma tarefa fácil e feita sem hesitações. Diante das dificuldades e indecisões nos caminhos que conduzem à verdade, podemos sempre recorrer a esta de Walter Benjamin: a história é uma luta entre classes, grupos e sujeitos e, por isso, produz violências e opressões. Ante essa sangrenta realidade, só há uma narrativa legítima da história: a que se compromete com os violentados.